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quinta-feira, fevereiro 02, 2023

"Ele era Tom Verlaine"

[ FOTO: Howard Barlow / The New Yorker ]

Tom Verlaine faleceu no dia 28 de janeiro, em Nova Iorque — contava 73 anos. Na revista The New Yorker, sob o título 'He was Tom Verlaine', Patti Smith recorda o seu amigo e companheiro num texto tão breve quanto comovente. Como ela escreve, o som das gotas de água a cair numa superfície ferrugenta bastava para que ele criasse um acontecimento poético. Aliás, diz mesmo que foi assim que nasceu a canção Marquee Moon [letra + video], do álbum de estreia, homónimo, dos Television, lançado em 1977 — é um belo texto que vale a pena ler.

I remember
How the darkness doubled
I recall
Lightning struck itself

I was listening
Listening to the rain
I was hearing
Hearing something else

Life in the hive puckered up my night
A kiss of death, the embrace of life
There I stand neath the Marquee Moon
Just waiting

I spoke to a man
Down at the tracks
And I ask him
How he don't go mad
He said, "look here, junior, don't you be so happy
And for heaven's sake, don't you be so sad"

Life in the hive puckered up my night
The kiss of death, the embrace of life
There I stand 'neath the Marquee Moon
Hesitating

Well, the Cadillac
It pulled out of the graveyard
Pulled up to me
All they said, "get in, get in"
Then the Cadillac
It puttered back into the graveyard
Me, I got out again

Life in the hive puckered up my night
A kiss of death, the embrace of life
Ooh, there I stand neath the Marquee Moon
But I ain't waiting

I remember
How the darkness doubled
I recall
Lightning struck itself

I was listening
Listening to the rain
I was hearing
Hearing something else



>>> Obituário na NPR.
>>> Tom Verlaine na Wikipedia.
>>> Site oficial de Patti Smith.

terça-feira, novembro 10, 2020

"Horses", 45 anos


E depois dos sixties veio a década de 70... Nesta verdade de La Palice insinua-se, por vezes, uma simplificação abusiva: as atribulações do novo tempo seriam tão só a herança, mais ou menos corrigida, dos êxtases prometidos por uma época em que a palavra libertação se tornou uma moeda essencial, ainda que demasiado perversa, por vezes atraindo um paradoxal conformismo.
Enfim, digamos que se necessitamos de citar um objecto, apenas um, que nos possa ajudar a começar a compreender como os anos 70 envolveram um árduo labor de pesquisa e experimentação — como viver perante a fealdade abrasiva do mundo? —, esse objecto poderá ser Horses, álbum de estreia de Patti Smith, abrindo as portas de uma eternidade anunciada pelo seu retrato assinado por Robert Mapplethorpe.
Horses foi lançado no dia 10 de Novembro de 1975 — faz hoje 45 anos.

>>> Gloria, tema de abertura de Horses + "Pitchfork Liner Notes". 


domingo, janeiro 04, 2015

Sound + Vision 10 Anos:
Memórias de arquivo (4)

Foto: N.G.

Queria abrir um bar de blues, mas acabou por ser "padrinho" dos Ramones. Hilly Krystal, que desde 1973 (até do dia do seu encerramento) comandou as operações do CBGB, convoca memórias de um espaço que escreveu história em Nova Iorque. Falei com ele de manhã (passava pouco das nove), à volta da sua secretária, que ficava frente à porta do CBGB (e que todos viam quando ali se entrava). Esta entrevista foi originalmente publicada, em agosto de 2006, na revista '6ª', do DN. Em tempo de memórias de dez anos de Sound + Vision - onde esta conversa surgiu em duas partes, nos dias 28 e 29 de setembro de 2006 - é um momento que vale a pena recordar.

Esta não era nem a música nem o destino que esperava quando abriu o clube em 1973…
A minha ideia era a de abrir um clube de country, bluegrass e blues. Não seria a country de Nashville, mais os idiomas folk, o bluegrass. Entre os artistas que havia na cidade nessa altura falava-se de interesses no city blues, no country blues… O contexto era diferente. E até nas jukeboxes havia singles não dançáveis que algumas rádios tocavam. Eu conhecia alguns músicos nestas áreas, sobretudo no Nordeste. Arranjei este lugar e isso era o que queria fazer.

Esta zona era um lugar bem diferente em 1973…
Sim, a Bowery era a pior parte da cidade. E muita gente nunca vira a este lado. Só aparecia gente do Village e East Village, e mesmo assim… Tudo bem. Mas não conseguia trazer gente de outros lugares, porque tinham medo desta zona.

E o que mudou?
Comecei a programar mais e diferentes géneros de música. E decidi tentar coisa novas. Algum jazz, rock’n’roll… E depois toda aquela nova onda de músicos… Chamaram-lhe punk mais tarde, mas no princípio tratávamo-los como street rock. Eram miúdos sem nenhum lugar para tocar a sua música. Tocavam em águas furtadas, onde também dormiam. Havia os Talking Heads a viver numa água furtada na Broadway, as Stilettos a morar no quarteirão mais abaixo do nosso. E depois os Ramones, de Queens. Os Shirts eram de Brooklyn… Tinham onde ensaiar, mas nenhum clube os deixava tocar a sua música.

E abriu-lhes as portas?
Tentei um dia por semana, sob insistência do manager dos Television, que me convenceu a fazer isto num domingo. Tocaram os Television e os Ramones. E descobri que havia muito mais gente a querer tocar a sua música. Meses mais tarde, pelo Verão, mudei de política. Eu também sou músico, e sempre gostei de compor, sobretudo na esfera da clássica a essa altura. E ver outros a querer fazer a sua música pareceu-me positivo. Vamos nisso, e logo vemos o que acontece.

Era uma opção viável enquanto gestão de um clube?
Levei anos a conseguir ganhar dinheiro. Mas dormia nas traseiras do clube, pelo que não tinha de pagar mais outra renda.

Que grupos lhe deram a impressão de estar a ver mais que pontuais fenómenos localizados, abrindo a consciência de um movimento a dar os primeiros passos?
Não sei bem… Não eram os melhores músicos, tecnicamente falando. Esporadicamente começou a haver um público mais fiel para alguns deles. Os Ramones, depois de terem tocado umas 20 ou 30 vezes, já tinham um público seu. Mudaram o estilo, tornaram-se mais coesos e ficaram mais excitantes. Penso que, quando a Patti Smith começou a aparecer, isto na Primavera de 1975, as coisas começaram-se a compor. Era já uma figura conhecida. Era uma poetisa reconhecida, respeitada. E a comunidade da poesia começou a aparecer. O grupo dela tocou aqui sete semanas, com os Television a fazer as primeiras partes. Tocavam quarto noites por semana, dois sets por noite. Ela tinha já muitos fãs, e trouxe ainda mais. O Clive Davies, da Arista Records, veio vê-la várias vezes e acabou por assiná-la. Foi excitante ver tudo isso a acontecer. Depois montei um festival. Creio que em inícios de Julho… Era mais uma operação arriscada, e publiquei grandes anúncios no Village Voice. Havia tantas bandas que ninguém ainda conhecia… E programei a actuação das melhores 40 bandas de rock de Nova Iorque ainda sem contrato discográfico. Havia o festival de Newport, de jazz e folk, a decorrer então na cidade, e esperava que toda essa gente visse os anúncios e aparecesse. E apareceram… Vieram os jornalistas, e ficaram surpreendidos com as bandas que ali viram.

Clive Davis foi, como disse, o primeiro executivo da indústria discográfica a aperceber-se que qualquer coisa estava ali a acontecer…
Ele sempre foi um homem interessado, mas apenas na Patti Smith. Era quem ele queria. O Seymour Stein assinou os Talking Heads e os Ramones, entre outros mais. O Craig Lreon era um A&R, e aparecia muitas vezes. Os jornalistas começaram a escrever regularmente sobre estas bandas, e os fotógrafos a tirar fotografias… Neste contexto eu só podia continuar a apoiar estes acontecimentos. Foi duro, foi difícil. Trabalhávamos ininterruptamente, mas foi uma aventura. E foi divertido. Sentia-se que qualquer coisa estava mesmo a acontecer. Não sei se seria o sucesso… A Patti Smith foi contratada. Mas foi quando os Ramones assinaram que senti a coisa mais profundamente, porque essa sim, foi uma banda aqui cultivada desde o início. O mesmo posso dizer que senti, depois, com os Blondie, Talking Heads, Shirts, Mink de Ville…

A partir de certa altura, por volta de 1976, o nome do clube tornou-se conhecido, inclusivamente fora do país… As novas bandas punk inglesas também queriam tocar no CBGB...
Creio que isso aconteceu porque o Seymor tinha um acordo inicial com editoras em Inglaterra e Holanda… Eram acordos de distribuição… Ele estava atento ao que estava a acontecer, e levou lá fora os Ramones em digressão. E isso pôs as coisas a mexer mais… Mas já havia bandas em Inglaterra… Só que os jornalistas ingleses não falavam delas no início. Penso que a digressão dos Ramones estimulou a imprensa. As bandas inglesas tocavam até aí em pubs, que fechavam às onze e meia da noite, hora a que todos eram corridos. Nos pubs ingleses havia dois sets por noite, enquanto que nós, em Nova Iorque, apresentávamos quatro, porque também ficávamos abertos até às três ou quatro da manhã. Os jornalistas ingleses aperceberam-se do que estava a acontecer e entusiasmaram-se. Penso que o carácter rebelde do movimento punk até era mais desejado em Londres que em Nova Iorque. Aqui tinha havido uma grande recessão no início dos anos 70, mas as pessoas ainda tinham o suficiente, não era um desastre. As rendas eram baratas, a gasolina era barata. Tudo era barato… Mas em Inglaterra vivia-se um ambiente mais problemático. E os miúdos ingleses não tinham onde ir. A cidade americana que mais se assemelha musical e socialmente ao que então se viva em Inglaterra era Cleveland. Havia muitas bandas de Clevland… E de Buffalo e também Detroit. Havia os Dead Boys, Pere Ubu, Devo, e antes deles outras mais.

Sempre que se fala no CBGB as memórias apontam aos anos 70, mas nos 80 e 90 as bandas nunca deixaram de aqui tocar…
O Lou Reed, por exemplo, já cá vinha antes, mas como tantos outros, só começaram a querer vir tocar quando viram que qualquer coisa estava a acontecer. Nos anos 80, por exemplo, havia bandas como os B-52’s, os Sonic Youth. Os Sonic Youth não eram ninguém quando aqui começaram a tocar, e as pessoas saiam a meio dos concertos deles… Os Swans também aqui passaram nos primeiros tempos.

Já aqui tocaram bandas portuguesas…
Houve uma banda punk muito boa que cá tocou, recentemente… Gostei muito, mas não me lembro do nome da banda. Mas lembro-me que os Shirts foram a Portugal em 1979. Venderam muito bem o Laugh And Walk Away, se não me engano… O grupo está reunido, sem a Annie. Mas soam muito bem. O som é parecido ao que tocavam… Um pouco mais velhos, mas muito bem. O disco deve sair brevemente.

O que pensa das reuniões: Blondie, Television?...
Os Blondie nunca estiveram realmente separados. Os Television, esses sim, separaram-se, porque o Tom Verlaine é um homem muito estranho. Não o vejo há muitos anos… Éramos amigos… A Patti Smith está muito bem, com o mesmo grupo de sempre. Regressando aos Blondie… Houve uma pausa natural quando o Chris esteve doente, e então tiveram mesmo de parar. Mas recuperou. E a Debbie nunca deixou de trabalhar. Mas do que ela gostava mesmo era da banda…

Qual é o legado do CBGB para Nova Iorque e para a cultura popular em geral?
Gostei muito do que aqui aconteceu nos anos 70. Havia uma necessidade entre os mais jovens para se afirmar como indivíduos, uma vontade de dizer algo, coisas positivas, coisas negativas. Não era um discurso como o que se fizera contra a guerra no Vietname, era mais individualista. E isso é saudável. É importante que os jovens de todo o mundo possam dizer o que sentem. O que aqui fizemos foi isso. E o legado que deixamos foi o termos apoiado, ou mesmo forçado, essa nova geração a dizer o que queriam, a mostrar o que eram, a ser quem eram. Fica o legado por essas e muitas outras razões. O rock’n’roll é uma espantosa força unificadora. É político, mas também anti-político, no sentido em não coloca necessariamente um contra o outro. É fácil de tocar. É fácil pegar numa guitarra e aprender a tocar. Ou o baixo ou a bateria. E se se tem algo para dizer, diz-se. Basta isso. E há quem o faça a vida toda, mesmo que depois venham a ter outras profissões. Espalhou-se pelo mundo fora. E porque é um meio de expressar identidade e sugerir identificação, comunica facilmente com outras pessoas. Junta os miúdos.

quinta-feira, janeiro 01, 2015

Sound + Vision, 10 anos
Memórias de arquivo (1)

Passam em 2015 dez anos sobre a criação do Sound + Vision. Uma das formas de assinalar o trabalho que aqui fomos registando pode ser a memória de alguns posts que aqui publicámos. Críticas, entrevistas, reportagens, reflexões, imagens... Dez anos de música, cinema e os espaços em volta...

Foto: N.G.

CBGB recebeu ordem de despejo
(10 de setembro de 2005)

Apesar das palavras de apoio (inclusivamente do Mayor da cidade, Bloomberg), do mediático concerto a 31 de agosto em Washington Square, dos pareceres judiciais e de declarações de instituições de relevância na vida cultural de Nova Iorque, o CBGB, o seu mais mítico clube de rock, recebeu a já esperada ordem de despejo pelo seu senhorio.

Patti Smith, Talking Heads, Ramones, Blondie, Television, Suicide, Richard Hell... Todos eles nasceram publicamente no pequeno palco do frequentemente lotado CBGB, o mesmo clube que, 30 anos depois de ser maternidade do punk, viu a 31 de agosto chegar ao fim o contrato de arrendamento do espaço que ocupa no número 313 da Bowery, sem sinal algum de vontade do senhorio (o Bowery Resident's Comitee) em renovar o acordo, dado o acumular de três anos de renda por pagar. Nova Iorque corre o risco de perder um dos seus lugares de romaria rock, apontado pela Municipal Arts Society como candidato a um processo de inscrição como património da cidade. A última esperança do clube reside agora numa eventual intervenção do governador ou do Mayor, este último tendo recentemente afirmado que o CBGB é "uma grande instituição de Nova Iorque" e faz parte "da nossa cultura"...

Apesar de não ter nunca voltado a conhecer dias de consequência efectiva no panorama musical da cidade como nesses idos de 1974 a 79, o CBGB mantém uma actividade diária e, uma vez por semana, abre a sala a novos talentos desconhecidos. Não há músico nem melómano roqueiro que não passe por Nova Iorque e não tire a sua foto frente ao CBGB, qual Ramone. Confesso que também o fiz. Mas estava de pólo amarelo em vez do casaco de ganga da praxe. Pouco rock'n'roll, eu sei...

PS. Apesar de todos os esforços o CBGB acabou mesmo por fechar as portas. Fui lá uma última vez em 2006, falei então com o seu fundador, Hilly Krystal, fotografei-o a ele e às paredes do clube. Mas em outubro de 2006, depois de um derradeiro concerto que teve Patti Smith como figura central, o clube fechou mesmo as portas. Hoje mora na mesma casa uma loja de roupa. Entrei lá uma vez. Reparei que uma das paredes (míticas) tinha sido preservada... Mas o preço de um daqueles casacos não era coisa da indumentária de quem, nos tempos de Patti Smith ou Television, andava por aqueles lados.

terça-feira, abril 01, 2014

Nos 40 anos dos Ramones


Este texto foi originalmente publicado na edição de 30 de março do DN com o título ‘Concentrado de ideias ao serviço de uma revolução no rock’n’roll’.

Quando o mundo inteiro os descobriu, em abril de 1976, ao som de Blitzkrieg Bop (e outros temas do álbum de estreia, como Beat on the Brat ou I Wanna Be Your Boyfriend), já os Ramones eram uma “instituição” no palco do CBGB e tinham influenciado contemporâneos seus (dos Sex Pistols aos Wire), num processo que levou os sinais revolucionários do punk para lá do East Village nova-iorquino, criando mesmo um dos movimentos maiores que a cultura pop gerou nos anos 70, com expressão bem evidente entre nós em finais da década e no início dos oitentas. Lembro-me sobretudo de ver o álbum ao vivo It’s Alive, de 1979, nas coleções de discos dos que, por esses dias, estavam mais atentos a movimentações no rock.

Em 1975, ainda sem discos nem nome feito para lá de alguns pequenos clubes em Nova Iorque, mas já com uma aura de culto gerada depois de uma crítica favorável no Village Voice, os Ramones entusiasmaram o jornalista que o semanário musical britânico Melody Maker destacara para cobrir o festival de bandas sem contrato que nesse verão teve lugar no CBGB. Reparando que a imprensa local os tinha descrito como “potencialmente a maior banda de singles desde os Velvet Underground”, Steve Lake apontou que haviam feito história com um alinhamento fenomenalmente compacto no CBGB no qual tinham apinhado seis canções em 13 minutos de performance”... Eram expressão do seu tempo e do seu lugar. E das verdades maiores dessa identidade que nunca procuraram contrariar nasceu uma alma que se fez referência e uma imagem que se tranformou num ícone.

O grupo surgiu em inícios de 1974 em Forest Hills (um bairro de classe média em Queens, em Nova Iorque), juntando John Cummings e Thomas Erdelyi, antigos colegas de uma banda nos dias de liceu, Douglas Colvin, um vizinho recentemente chegado da Alemanha, e Jeffrey Hyman, um outro amigo que tinha sido vocalista numa banda de glam rock de vida curta. Inspirado pelo facto de McCartney ter usado o pseudónimo Paul Ramon na pré-história dos Beatles, Douglas adotou o nome Dee Dee Ramone. E em pouco tempo levou os colegas a tomar o mesmo apelido. Todos os Ramomes seriam... Ramone.

A 30 de março de 1974 atuaram pela primeira vez perante uma plateia, nos Performance Studios. A 16 de abril subiam ao palco do CBGB, em poucos meses tornando-se uma das bandas “da casa” e dali partindo para, apesar do relativamente discreto impacte comercial na época, se afirmarem como uma das bandas mais influentes da história do rock’n’roll.

As canções concisas e concentradas dos Ramones cruzavam heranças escutadas ora em discos dos Beatles e Elvis ora em singles de surf rock e de girl groups dos anos 60 ou ainda referências elétricas mais “pesadas” do período proto-punk, juntando ideias sob uma lógica comum: fazer curto, rápido e simples. Juntando uma das peças maiores no tabuleiro da revolução punk, os Ramones ajudaram uma geração (e as seguintes) a aprender a dizer “não”. Contudo, e como nota Nicholes Rombes num volume dedicado ao álbum Ramones, na série 33 1/3, “os Ramones imbuíram o vazio e a rejeição [da geração punk] com um sentido de humor que transportou o niilismo para o patamar da cultura pop”.

A história do grupo, que discograficamente esteve ativo até 1995, ano em que editaram Adios Amigos!, conheceu várias mudanças de formação (Tommy Ramone, que se afastou em 1978, é hoje o único elemento vivo da formação original). Contudo, contra o percurso de bandas suas contemporâneas que acabariam por evoluir rumo a outras direções, a música dos Ramones manteve-se sempre fiel à sua identidade original. 

Sem a alma política à esquerda da cultura hippie dos anos 60 nem a procura de caução “elevada” num plano artístico mais eloquente do rock progressivo, as observações e visões de quatro filhos da classe média que, nascidos nos subúrbios, voltavam a descobrir a vida do centro da cidade, cativaram uma nova geração de ouvintes e de músicos. A cor pop que animava as suas canções gerou inúmeras descendências e a simplicidade das suas ideias foi para muitos uma força motivadora. Eddie Vedder (Pearl Jam) terá dito (segundo a Brainy Quote) que quando tinha 13 anos e recebera a primeira guitarra não conseguia tocar os solos de Ted Nugent. Mas era já capaz de acompanhar canções inteiras dos Ramones.

segunda-feira, agosto 12, 2013

E agora o CBGB chegou ao cinema...

É certo que um trailer não é um filme. Nem através de um trailer podemos falar de um filme. Mas lança primeiras imagens (e expectativas)... E não parecem, para já, muito "entusiasmantes", as que surgem de CBGB, um filme de Randall MIller sobre o mítico clube na Bowery (em Nova Iorque) onde ganharam visibilidade nomes como os de Patti Smith, Ramones ou Talking Heads em meados dos anos 70. Alan Rickman veste a pele de Hilly Krystal, o homem que abriu um bar para country, bluegrass e blues que acabaria por ser o berço da cultura punk...
Ainda cheguei a conhecer Hilly Krystal e o CBGB, e com ele passei uma manhã (sim, ele chegava cedo ao clube) a trocar ideias e passar por memórias da história daquele lugar e da música na cidade de Noca Iorque. Já lá regressei depois do espaço ter sido transformado numa loja de roupa (mantendo uma das paredes e seus grafittis como recordação da alma do que aquela casa fora outrora)... Agora quero ver o filme, naturalmente. O trailer não me entusiasmou. Mas falaremos melhor depois de visto o filme...