A mudança para o Google Cloud foi concretizada em outubro de 2024. Um período em que o planejamento das ações e o conhecimento a respeito das tecnologias disponíveis em nuvem foi muito importante para que os próximos passos pudessem ser dados com assertividade e segurança. 

A contribuição da Xertica.ai, nessa fase, foi fundamental para analisar as ferramentas mais indicadas dentro do leque de produtos Google Cloud. A empresa conduziu o desenvolvimento de provas de conceito e ofereceu suporte prático ao longo do processo. Promoveu, ainda, a ambientação técnica da equipe do TJGO, através de processos de testes guiados.

O principal objetivo do projeto foi a criação de uma plataforma chamada AGAIA (Assistente para Geração Automática com Inteligência Artificial), uma aplicação própria e segura que é utilizada para a gestão eficiente de processos e documentos no ambiente jurídico. Seu propósito é otimizar as operações internas do TJGO, agilizando tarefas que tradicionalmente demandam tempo e recursos. Com uma interface intuitiva para os usuários, ela facilita o acesso e a manipulação de informações cruciais - um avanço significativo na modernização do sistema judiciário. 

Para o seu desenvolvimento, o TJGO utilizou a API Vertex AI para desenvolver e gerir uma aplicação que utiliza o Gemini, o modelo mais avançado de IA do Google. A plataforma foi projetada com uma grande capacidade de integração, conectando-se diretamente aos sistemas legados do TJGO, como o PROJUDI, que lida com processos judiciais, e o PROAD, responsável por processos administrativos. Essa integração permite a extração de informações e documentos de maneira contextualizada, centralizando dados e eliminando as consultas manuais em diferentes sistemas. 

A opção pelo modelo Gemini como motor de inteligência artificial do projeto não foi por acaso. O Gemini atua como um serviço complementar, que envia prompts e dados selecionados para que o modelo processe e gere textos relevantes. Essa funcionalidade é útil para automatizar a criação de documentos, resumos ou análises preliminares, poupando tempo dos operadores e permitindo que as equipes se concentrem em tarefas específicas. 

Vale ressaltar, também, que um dos pilares da AGAIA é a sua arquitetura focada em segurança. Apesar de usar um modelo de IA externo como o Gemini no Vertex AI, os dados sensíveis, principalmente aqueles que tramitam em segredo de justiça, permanecem sempre dentro do ambiente controlado do TJGO de forma segura e criptografada. A ação garante que nenhuma informação confidencial seja utilizada para treinar modelos externos, preservando a integridade e a privacidade dos dados judiciais.

A implementação da AGAIA pelo TJGO, impulsionada pelo Google Cloud e pelo modelo Gemini, trouxe uma série de benefícios transformadores. A facilidade de realização de tarefas complexas, como a geração de minutas de despachos, sentenças e decisões interlocutórias, e a análise e resumo de petições, é um exemplo claro disso.

A somatória das vantagens continua, já que a rotina de trabalho em gabinetes e secretarias foi transformada. Agora, os magistrados e servidores têm tempo para se concentrar na análise do mérito, na argumentação jurídica e em outras atividades intelectuais complexas. 

Com a praticidade nos processos diários, o TJGO pôde reorientar suas estratégias para um foco em inovação e uma abordagem centrada no usuário interno, oferecendo funcionalidades como avaliação automática de prompts e suporte técnico personalizado.

O TJGO passou a gerar peças jurídicas complexas em segundos, analisar e resumir documentos extensos (até 2 milhões de tokens, equivalente a 800-1.000 páginas), além de fomentar a colaboração em escala, permitindo que prompts de alta qualidade sejam reutilizados por centenas de unidades.

Entre outubro de 2024 e setembro de 2025, a AGAIA registrou 3.149 usuários ativos em 929 unidades. Foram criados cerca de 2.746 prompts e realizadas mais de 85 mil execuções. O volume de processamento total já ultrapassa 8,39 bilhões de tokens, com um crescimento acelerado. 

Existem outros resultados positivos a serem citados, já que a economia gerada pela adoção do Google Cloud refletiu diretamente no ganho de tempo. Ao automatizar mais de 51 mil tarefas complexas, milhares de horas de trabalho de magistrados e servidores foram liberadas. 

A infraestrutura em nuvem oferece, certamente, mais escalabilidade e flexibilidade operacional - o que permite o ajuste dinâmico dos recursos computacionais conforme a demanda, eliminando a necessidade de investimentos contínuos em hardware físico. Essa agilidade se traduz em redução de custos operacionais e de manutenção. 

A celeridade processual, a consistência nas decisões e a qualidade aprimorada dos documentos beneficiam os cidadãos, enquanto a maior disponibilidade dos profissionais e o processamento de um maior volume de casos contribuem para uma experiência mais eficiente e segura no sistema de justiça.