Acidente em Ubatuba: o que se sabe sobre explosão de avião que deixou 1 morto e 4 feridos

Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas após um avião de pequeno porte tentar pousar em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo.

No momento da manobra, de acordo com as informações preliminares do Corpo de Bombeiros, a aeronave perdeu o controle e só parou ao chegar na areia da praia.

O avião tinha um piloto e quatro ocupantes. O piloto morreu e os três adultos e duas crianças que estavam a bordo ficaram feridos.

Imagens publicadas nas redes sociais mostram o momento em que uma criança é retirada da aeronave, que ficou de cabeça para baixo após bater e capotar.

O jatinho atravessou a cerca do aeroporto, cruzou uma praça, uma rodovia e explodiu quando passava ao lado de uma pista de skate localizada na faixa de areia e acabou na praia do Cruzeiro.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e a Petrobras fizeram uma barreira no mar para conter o combustível que vazou da aeronave.

Karoline Burunsizian, capitã dos bombeiros e chefe de comunicação da equipe marítima, diz que as equipes chegaram e que todas as vítimas estavam dentro do avião. O piloto estava preso às ferragens.

"Quatro vítimas foram socorridas pelos bombeiros e pelo Samu. Pai e mãe conscientes e orientados. Crianças, um menino e uma menina, conscientes e desorientados, normal num acidente desse porte", relatou.

Outra pessoa que estava na praia foi socorrida após sofrer uma fratura ao correr do acidente. Ela não foi atingida pela aeronave.

A Rede VOA, concessionária que administra o aeroporto de Ubatuba, informou que a aeronave prefixo PR GFS – modelo Cessna Citation 525 CJ1 – saiu do aeroporto municipal de Mineiros, em Goiás, com cinco pessoas e tentou pousar em Ubatuba.

As condições meteorológicas no momento do pouso, segundo a Rede VOA, "eram degradadas, com chuva e pista molhada".

A Rede VOA informou ainda, por meio de nota publicada no site da Prefeitura de Ubatuba, que o avião atingiu uma mulher e uma criança que caminhavam pela orla. Ambas estão vivas, segundo a concessionária, que não detalhou o estado de saúde elas.

Os feridos foram levados para a Santa Casa de Misericórdia de Ubatuba e o corpo do piloto foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) da cidade vizinha de Caraguatatuba, também no litoral.

Posteriormente, os feridos também foram transferidos para o Hospital Regional de Caraguatatuba.

A Força Aérea Brasileira disse que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) deu início às investigações.

Por meio de nota, a Aeronáutica informou que "investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 4), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foram acionados para realizar a Ação Inicial da ocorrência".

Durante as investigações serão usadas técnicas específicas para fazer a "coleta e a confirmação de dados, preservação dos elementos, verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação".

Não há prazo para que as investigações sejam encerradas. A Aeronáutica informou apenas que "terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes".

O piloto que faleceu foi identificado como Paulo Seguetto. Natural de Goiânia, ele será enterrado nesta sexta-feira (10), em Ribeirão Preto.

Ele pilotava a aeronave que pertencia a uma família de Goiás. Mireylle Fries, uma das passageiras a bordo, é filha de um conhecido casal de produtores rurais da região.

Acidentes com aviões de pequeno porte

Há menos de um mês, dez passageiros morreram na queda de um avião de pequeno porte que caiu no centro da cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, no dia 22 de dezembro.

A aeronave privada era de propriedade do empresário paulista Luiz Claudio Salgueiro Galeazzi, de 61 anos, quem pilotava o avião. Ele viajava com sua esposa, três filhas, a sogra e outros familiares.

O avião voou apenas por cerca de 3 km e caiu minutos após a decolagem.

A aeronave se chocou com casas localizadas na avenida das Hortênsias, uma das principais vias do destino turístico, que costuma receber muitos visitantes naquela época do ano por causa de suas elaboradas decorações natalinas.

Em novembro de 2021, a cantora e compositora Marília Mendonça morreu em um acidente aéreo com um avião de pequeno porte. A tragédia trouxe à tona a discussão sobre o índice de incidentes envolvendo a aviação particular no país.

Além de Marília, morreram na época o produtor Henrique Ribeiro, o tio e assessor da cantora, Abicieli Silveira Dias Filho, o piloto e o copiloto do avião.

Segundo especialistas ouvidos pela BBC News Brasil na época, aviões particulares - em geral, de menor porte, como o usado pelo cantora - estão envolvidos na maior parte dos acidentes de aviação no país.

Para um especialista consultado pela reportagem, uma série de fatores podem explicar essa diferença, como uma menor especialização de pilotos, menos manutenção em relação a grandes aeronaves e também exigências mais brandas em comparação com o que é solicitado das grandes companhias aéreas.

Entre 2010 e 2019, o Brasil registrou 1.210 acidentes com aviões, segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Em média, ocorreram 121 acidentes aéreos no Brasil por ano no período, mas a maior parte deles sem grandes consequências.

De acordo com o órgão, 46% dos acidentes no período ocorreram com aviões do segmento particular. Já 20% eram com aeronaves agrícolas e 14,72%, de instrução. A aviação regular, também conhecida como comercial e que tem aeronaves de grande porte, foi responsável por 1% dos acidentes.